Ela se casou com 17 anos, se mudou para João Pinheiro, interior de Minas, e logo se tornou mãe. Foi nessa época que D. Dalva criou a receita de pão de queijo que conquistava o paladar de todos que experimentavam a iguaria. Aos 31 anos, se viu diante de um grande desafio: viúva e com quatro filhos pequenos para criar. Como recomeçar? Vendeu a fazenda e partiu para Belo Horizonte, onde concluiu o ensino médio e fez um curso no Conselho Regional de Corretores de Imóveis.
Uma das primeiras corretoras de imóveis da capital mineira rapidamente conquistou a fidelidade da clientela e recordes de vendas. Sempre muito exigente, focada e comprometida, D. Dalva tinha como premissa a transparência: “quando eu não encontrava um imóvel com as características solicitadas, era sincera. Dizia que buscaria por ele incansavelmente e era exatamente o que fazia. E, na maioria das vezes, o cliente ficava bastante satisfeito”, explica.
A nova rotina de trabalho era pesada e incluía fins de semana e feriados. Afinal, o foco era ofertar conforto e boa formação escolar para os filhos. Mas D. Dalva não poderia deixar os filhos sem o que eles mais amavam: os pães de queijo, feitos por ela desde os tempos de fazenda. A solução foi simples: preparar a receita caseira e congelar. O que D. Dalva não imaginava é que aquela demonstração de amor aos filhos se transformaria, anos mais tarde, no carro-chefe de uma das maiores marcas do ramo alimentício do Brasil: a Forno de Minas.
Não foi em um piscar de olhos. Como dizem por aí, “muita água passou por debaixo da ponte”. Um dos seus filhos, Helder, voltou de um curso dos Estados Unidos e teve contato com um hábito já incorporado à rotina dos norte-americanos: o consumo de alimentos congelados. D. Dalva ficou desconfiada. “Como, em Minas Gerais, onde todos tinham hábito de fazer pão de queijo em casa, um negócio desse tipo poderia fazer sucesso?”. Mas, como ela mesma diz: “trabalho é vida” e só se descobre o resultado tentando. Com o apoio dos filhos, Hélida e Helder, D. Dalva enfrentou a jornada.
Sucesso instantâneo em toda capital mineira, em apenas um ano o pão de queijo Forno de Minas passa a ser produzido em larga escala e a empresa se transfere para Contagem, região metropolitana de BH, onde foram alugados alguns galpões. Quando, em 1992, Vicente Camiloti se junta à sociedade. A produção diária que, no início, era de aproximadamente 90 kg de pães de queijo salta para 1.200 kg.
Quatro anos depois, em 1995, a empresa constrói sua sede própria, com 24 mil m², também em Contagem. Neste momento, vendiam o pão de queijo para grandes redes de supermercados. A Forno de Minas já fazia parte do dia a dia de muitos brasileiros e, para manter a excelência de seus produtos, foi adquirido um moderno laticínio em Conceição do Pará, a 120 km de Belo Horizonte. O objetivo era fabricar queijos na especificação ideal para as receitas, garantindo a padronização e a qualidade de todos os produtos.
Em 1999, a Forno de Minas foi vendida para a multinacional Pillsbury, unidade de alimentos da holding Diageo. Dez anos depois, a General Mills, que havia comprado a Pillsbury, fecha as portas da empresa e demite todos os funcionários.
Movidos pela paixão, a família Couto Mendonça e Vicente Camiloti, readquirem a marca em 2009, reativam a fábrica da Forno de Minas e convidam todos os ex-funcionários para retornar ao trabalho. D. Dalva assume novamente a produção, a indústria volta a produzir o legítimo pão de queijo mineiro, trazendo novamente para a mesa dos brasileiros o sabor que conquistou o país anos atrás e ampliando o mix de produtos, que atende tanto o varejo quanto o food service.
Hoje, aos 77 anos, D. Dalva é a responsável pelo departamento de pesquisa e desenvolvimento de produtos e está na fábrica todos os dias. A empresa cresce ano após ano. Em 2020, a empresa completa 30 anos de fundação, com mais de 1200 funcionários, 14 filiais no Brasil, 1 subsidiária nos Estados Unidos e 3 fábricas (Contagem (MG) / Laticínios em Conceição do Pará (MG) / Batatas (Sérya) em Araxá (MG).
E os pães de queijo da D. Dalva, que faziam sucesso no lanche dos filhos e nas confraternizações da família, ganharam o Brasil e o mundo! Foi graças a ela que a Forno de Minas tornou-se a primeira empresa a produzir pão de queijo congelado no mercado, numa época em que equipamentos para produção ainda não existiam e foram desenvolvidos em parceria com diversas empresas, com o conhecimento e as mãos da D. Dalva. Desde então, a empresa tem como objetivo também de tornar o pão de queijo conhecido fora do Brasil, transformando-o em um produto global. E isso quer dizer possibilitar que todos os habitantes do mundo possam degustar, em qualquer canto em que estiverem, um pedacinho de Minas Gerais, através do autêntico pão de queijo, repleto de história e, claro, muito queijo. Por isso, cada fornada é um motivo a mais para seguir na missão e, constantemente, reforçar as características originais do verdadeiro pão de queijo mineiro.
Obrigada, Dona Dalva. Eis o meu incentivo. Um bom dia e que Deus abençoe a sua vida!
Que linda história, digna de filme 🥰
História inspiradora!! Sucesso Dona Dalva!!! Amamos o pão de queijo!