Estratégia contra obesidade infantil

Túlio Villafañe

Nutricionista da Anhanguera faz orientações para composição de lanches saudáveis para crianças

Um estudo inédito apresentado pelo Ministério da Saúde no ano passado indica que uma em cada dez crianças brasileiras de até cinco anos está com excesso de peso. Deste grupo, 7% apresentam sobrepeso e 3% estão com obesidade, segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil. Ainda, segundo estudo da Universidade de São Paulo publicado no Journal the Academy of Nutrition and Dietetics, o consumo de alimentos ultraprocessados pode aumentar em 45% o risco de obesidade para adolescentes.

Este cenário prejudica o crescimento físico ideal e pode ocasionar o acometimento de doenças crônicas ao longo da vida. Especialistas defendem que o hábito de uma alimentação saudável deve ser adotado desde cedo.

A nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, Bruna Zacante, explica que os alimentos da lancheira devem corroborar para uma alimentação saudável, com a inclusão de alimentos minimante processados e especialmente dos in natura. Assim, é importante que haja o consumo de cereais, frutas e hortaliças. “Os ultraprocessados, ricos em sais, açúcares e gorduras, em geral, não fornecem a qualidade tampouco a quantidade adequada de vitaminas e minerais importantes para o desenvolvimento”, explica.

A fase infantil pré-escolar e escolar é o período em que o crescimento acontece de forma lenta, porém contínua. As carências nutricionais desse momento podem aumentar o risco de infecções e promover alterações no sistema nervoso, o que pode acarretar problemas mentais e intelectuais, além de desequilíbrios funcionais e morfológicos. “É importante entender que os primeiros anos de vida são fundamentais para criarmos uma base sólida no que diz respeito a construção de hábitos alimentares saudáveis que farão parte ao longo de toda vida do indivíduo”, reflete.

ESCOLHAS

Nas compras de supermercado, a recomendação da nutricionista é a de identificar os ingredientes dos produtos nos rótulos das embalagens. “O primeiro item na lista é o que tem maior presença na receita. Sabendo disso, fica mais fácil avaliar qual a quantidade de certo elemento vamos direcionar para os filhos”, orienta. “Nome de ingredientes pouco conhecidos também devem ser evitados, por ser tratar geralmente de corantes e conservantes, por exemplo”, completa.

Ainda segundo a professora, é importante escolher as frutas, legumes e verduras da estação, que possuem mais sabor e têm maior e tecnicamente maior densidade nutricional do que aqueles cultivados fora de temporada. Esses alimentos costumam estar mais frescos, por serem colhidos no clima e ambiente adequados, e podem ser mais acessíveis economicamente.

LANCHEIRA

Para compor uma lancheira saudável com o intuito de oferecer os principais micronutrientes para o desenvolvimento infantil, a nutricionista sugere a composição de uma proteína acompanhada da tríade de um líquido, para reposição das perdas em atividades físicas, uma fruta e uma fonte de carboidrato, para fornecer energia.

“Para bebida, podemos incluir sucos, chás ou água de coco, preferencialmente sem açúcar. As melhores frutas para crianças são aquelas que podem ser comidas com a casca ou são fáceis de descascar, sempre bem higienizadas”, orienta. “Pães, bolachas simples e bolos caseiros também podem ser boas fontes de carboidratos. A proteína pode vir de queijos, requeijões e iogurtes, se for possível manter a temperatura adequada”, completa.

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