O poder da comida e da gastronomia do Candomblé

O poder da comida e da gastronomia do Candomblé

A comida tem um importante papel dentro do Candomblé. Os grãos, carnes e temperos compartilhados fazem parte de um ciclo de nutrir e deixar-se nutrir que extrapola o plano material. A culinária africana (e afro-descendente) provirá ao orixá as forças necessárias para que ele atue no mundo dos homens. Essa conexão entre alimentação e divindade é uma faceta que está presente em muitas religiões do mundo e, não diferente, tem um papel central no Candomblé.

Os alimentos fazem parte de um contexto sagrado em que múltiplos elementos estão relacionados entre si e a quem é destinada a oferenda. Imbuído desse valor transcendente, o alimento ultrapassa seu valor nutricional e é capaz de fortalecer os laços com a entidades e com o mundo real e espiritual.

Existem três grupos de alimentos responsáveis pela manutenção da energia dos orixás: o azeite de dendê (sangue vermelho), o álcool (sangue branco) e o fumo das folhas (sangue preto). Além disso, os alimentos aromáticos como o dendê, o vinho e o mel perfumam as casas de Candomblé e servem como elo entre a terra e o céu. A cozinha da casa está repleta de temperos, óleos, farinhas e carnes, mas a seleção dos alimentos dependem do cardápio desejado para os Deuses.

O brasileiro entende de hospitalidade por uma mesa farta. É marca do coração nordestino receber a visita com atenção e muita comida. Assim acontece em uma casa de Candomblé: em torno da mesa que se reconstrói a história do povo por meio da oferenda de comida que se fortalece os laços religiosos.