O número de pessoas aderindo a uma alimentação vegetariana, vegana, ou simplesmente reduzindo o consumo de produtos de origem animal, cresce a cada dia. Os vegetarianos são definidos como pessoas que não comem carne, frango ou peixe. Dependendo da inclusão ou exclusão dos derivados animais, a dieta recebe uma definição específica: Ovo-lacto-vegetariana (inclui ovos, leites e derivados), Ovo-vegetariana (inclui ovos), Lacto-vegetariana (inclui leites e derivados), vegetariana estrita (não inclui nenhum produto de origem animal) ou Vegana (exclui produtos de origem animal na alimentação, higiene e vestuário).
Para a nutricionista Adriana Stavro, quer você escolha seguir uma dieta vegana, vegetariana ou flexiterian (reduz o consumo de carne), os benefícios para sua saúde são muitos. As dietas com foco em plantas são naturalmente ricas em fibras, pobres em gordura saturada e fontes de fito químicos, que ajudam a diminuir o risco de várias doenças. Estudos mostram que os vegetarianos são 40% menos propensos a desenvolver câncer, quando comparado aos onívoros. Alimentação à base de vegetais podem reduzir o risco de doenças cardíacas, hipertensão, osteoporose e diabetes mellitus do tipo 2.
Porém, antes de adotar um regime alimentar vegetariano, é aconselhável examinar se existem carências nutricionais. Para isso, devem ser realizadas exames de rotina que incluam os níveis de ferro, vitamina D, complexo B (em especial destaque para a vitamina B12), cálcio e iodo. Na presença de uma deficiência, esta deve ser corrigida através da combinação correta de alimentos ou suplementos alimentares, e com monitoração de um profissional da saúde qualificado.
Após a exclusão de possíveis carências nutricionais, a eliminação do consumo de carne e pescado pode ser imediata.
No entanto, a transição para um regime alimentar vegetariano deve ser adaptada a cada indivíduo.
Algumas pessoas preferem eliminar as carnes de um dia para o outro, enquanto outras preferem uma redução gradual.
O regime alimentar “flexitarian diet”, corresponde às expectativas das pessoas que pretendem uma transição gradual. Esta é uma dieta baseada em produtos de origem vegetal, com um consumo ocasional de carne e pescado. Quem adota esta prática, aumenta progressivamente o número de refeições vegetarianas.
Tendo em consideração que a adaptação de uma dieta vegetariana requer uma modificação dos hábitos alimentares, a organização assume um papel importante. Este planejamento permite a adoção de uma alimentação equilibrada, o que significa que deve fornecer proteínas completas, ou seja, que contenham todos os aminoácidos essenciais, gorduras de boa qualidade (amêndoas, nozes, azeite, abacate), carboidratos integrais (grãos, farináceos integrais), vitaminas e minerais (frutas, verduras, legumes).
Os ovo-lacto-vegetarianos podem facilmente obter proteínas de qualidade, através do consumo de ovos e de lacticínios. Para os vegetarianos estritos e veganos, que excluem todos os alimentos de origem animal, o desafio é maior, uma vez que necessitam combinar diferentes fontes de proteína vegetal ao longo do dia. Alguns alimentos fontes são: lentilha, feijão, grão de bico, soja, tofu, tempeh, bebidas à base de soja, nozes e sementes. Os grãos integrais e os vegetais também fornecem alguma proteína.
A Academia de Nutrição e Dietética afirmou que, uma dieta vegetariana ou vegana pode fornecer todos os nutrientes essenciais para crianças, adolescentes, adultos, gestantes e nutrizes. Porém, obter proteína, cálcio , ferro vitamina B-12 e ômega3 pode ser um pouco mais difícil. Por isso, planejar é fundamental para garantir um aporte adequado e evitar deficiências.
A suplementação alimentar destes nutrientes pode ser considerada (com destaque para a vitamina B12, ferro e o ómega 3), porém é importante o acompanhamento de um médico ou nutricionista.
Os vegetarianos, assim como a população em geral, devem estar atentos a um conjunto de sinais e sintomas. Por exemplo:
● Fadiga, cansaço e falta de energia podem indicar carência de ferro ou vitamina B12.
● Problemas relacionados com a imunidade, como cansaço excessivo, febre e calafrios frequentes, náuseas, vômitos ou diarreia, gripes que duram semanas, otites, herpes, estomatite, amigdalite, infecções respiratórias persistentes, perda de peso, queda de cabelo, unhas fracas, estresse e depressão, pode ser deficiência de vitamina C, D, E, ácido fólico, zinco, selênio.
● Se os níveis de iodo estiverem baixos, os sintomas são cansaço, sonolência e pele seca.
● Por fim, a queda de cabelo, unhas fracas e quebradiças, podem indicar ingestão insuficiente de proteínas de alto valor biológico.
Por isso uma monitorização contínua da alimentação e dos vários indicadores do estado nutricional, através da realização de análises sanguíneas e de consultas médicas é fundamental.
Por fim, a alimentação vegetariana não deve ser monótona. O consumo variado de alimentos é fundamental, e devem estar especialmente atentos à ingestão de alguns nutrientes, como:
● Cálcio: leite e derivados, extratos vegetais fortificadas, vegetais de folha verde escura
● Ferro: ovos, vegetais de folha verde escura, leguminosas, cereais integrais, semente de girassol, abóbora, nozes
● Iodo: algas marinhas, sal iodado
● Vitamina D: lacticínios, ovos, bebidas vegetais fortificadas, exposição solar
● Vitamina B12: lacticínios, ovos
Mais sobre Adriana Stavro:
Adriana Stavro – Nutricionista Funcional e Fitoterapeuta. Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein – Mestranda do Nascimento a Adolescência pelo Centro Universitário São Camilo.