Introdutora há 20 anos da Nutrição Funcional no Brasil, a Nutricionista Dra. Valéria Paschoal vem desenvolvendo nos últimos 10 anos pesquisas com foco na produção sustentada de alimentos no Brasil, a partir de Sistemas Agroalimentares que contemplem a Agroecologia, como alimentos orgânicos, biodinâmicos, agricultura natural, alimentos biodiversos dos vários biomas brasileiros, como a Mata Atlântica, a Caatinga, o Cerrado, os Pampas, o Amazônico, com ênfase na Agricultura Familiar, bem como as pesquisas com PANC- Plantas Alimentícias não Convencionais. O tema ganhou tanta importância e relevância que a disciplina Agroecologia passou a integrar os cursos de pós-graduação em Nutrição Funcional, ministrados pela VP-Centro de Nutrição Funcional.
A Nutrição Funcional compreende o bem-estar físico, emocional e espiritual, e neste sentido Valéria destaca: “Quando trabalhamos a questão do alimento enfatizamos que esse alimento venha de um solo e de um ecossistema amplamente sustentável, inclusive com muito respeito em relação as pessoas que produzem esses alimentos, e a Nutrição Funcional prima por uma nutrição que vai muito além das células. Quando eu tenho essa relação com um alimento originado na agricultura natural, orgânica, biodinâmica eu tenho um alimento com energia vital. E quando eu aproveito integralmente esse alimento e muitas vezes eu tenho resíduo orgânico que é possível fazer a compostagem que vai nutrir a terra, mais ainda eu estou garantindo a nutrição da terra, do solo que nutri o ser humano e que garante com esses nutrientes e compostos bioativos toda modulação das reações bioquímicas e fisiológicas.”
Atitudes Sustentáveis geram Consumo Consciente
Valéria destaca a importância de o profissional nutricionista ter plena conexão com o agricultor, ator número um na cadeia produtiva, quem nos oferta o alimento a principal ferramenta de trabalho do nutricionista.
“O campo produz o que o nutricionista prescreve, pois ele que é responsável pelos planos alimentares, principalmente em refeições coletivas, escolares e hospitalares, e neste sentido conhecermos os sistemas agroecológicos é imprescindível para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva, que começa lá no solo. A ciência já nos mostra que um alimento com energia vital, com mais fitoquímicos e compostos bioativos só é possível se for produzido num solo com energia vital ou seja, modelos agrícolas orgânicos, livres de agroquímicos, cujo solo tenha sua microbiota preservada. Outro aspecto importante é que os estudos científicos mostram que a microbiota do solo comunica diretamente com a nossa microbiota intestinal, daí a importância de conhecermos todo o trajeto do alimento, da terra ao prato.”
Cuidar da saúde humana é imprescindível, assim como a saúde do planeta
Não dá para pensarmos em sustentabilidade, sem olharmos o sistema alimentar como um todo, visando a saúde humana e a do planeta. Minha mensagem para as pessoas é que o mais rapidamente possível, comecem a fazer essa conexão direta com o produtor. Desde a possibilidade de ter o plantio de pequenas coisas na varanda, isso é possível, de quando for comprar os alimentos, que eu peça ao feirante das feiras de orgânicos que os alimentos venham integralmente com folhas e talos.
Campanhas informativas devem mostrar os impactos do consumo de produtos alimentícios na saúde humana e para o aquecimento global
Na questão da saúde humana e do meio ambiente Valéria destaca: É importante que o Brasil e o mundo produzam muitas campanhas informativas, mostrando o impacto que tem o consumo de produtos alimentícios industrializados, tanto da saúde humana porque são cheios de corantes, conservantes, acidulantes, edulcorantes, substâncias químicas que impedem todo um trabalho endócrino do aumento de oxidação de gorduras, são resíduos que ficam no cérebro das pessoas, aumentando os distúrbios mentais, comportamentais, portanto o distúrbio que esses produtos alimentícios causam no organismo humano, bem como todo o impacto na saúde do planeta.
Eles aumentam demais a produção de Co2, fazendo com que aumente a formação do efeito estufa causando todas essas alterações climáticas, e várias endemias, pandemias, como a sindemia global que foi bem explorada na publicação do The Lancet, em 2019, mostrando a tríplice: alteração de mudança climática, obesidade e a desnutrição. Então realmente nós temos que ter projetos, propaganda, inciativas como a Campanha SFWD, que está sendo instituída de forma brilhante, que mostrarmos para população que temos que descascar mais e deixar os produtos alimentícios bem longe do nosso consumo diário.
Por isso, minha recomendação para as pessoas sempre é observar o tanto de lixo que tem para se reciclar, quanto mais embalagem de plástico, papelão temos para reciclar, significa eu estou comendo menos alimento de verdade e mais produto alimentício, então essa é uma informação importante que precisamos socializar.
Alguns exemplos de aproveitamento integral de alimentos
A nutricionista indica: Podemos fazer, por exemplo o aproveitamento da casca da cebola que é rica em quercetina, repolho com folhas, brócolis com folhas, onde podemos fazer tantas preparações com essas folhas e talos, a folha da beterraba, que posso incorporar num arroz que fica uma delícia.
A gama de aproveitamento integral de alimentos é infinita. Valéria orienta por exemplo, que quando falamos de frutas, verduras e legumes, temos como aproveitar todos integralmente. Tem algumas sementes que devem ser usadas para produzir outros alimentos ou ir para uma compostagem, a casca da banana que desperdiçamos, podemos consumir a banana verde em forma de biomassa, abacate podemos consumir o caroço, fazendo uma farinha da semente do abacate ou ralando essa semente e fazermos uma granola, abacaxi com as cascas podemos fazer os suchás, tantos talos, ramas da cenoura que podemos fazer patês, pestos e outras preparações.
“Falando em outros alimentos, por exemplo a casca do ovo que muitas vezes é desperdiçada, já tem trabalhos científicos que demonstram que quando pegamos a casca do ovo, assamos e preparamos um pozinho e acrescentamos em algumas preparações que tenha alguma substância ácida, como por exemplo o limão, a laranja e mesmo o tomate, é possível com tudo isso termos uma maior absorção do cálcio da casca ovo, demonstrando os benefícios também do aproveitamento da casca do ovo. E a ideia é ter este pensamento, usarmos estas partes como a folha de repolho que você pode fazer um chucrute, produtos fermentados, essa fermentação vai gerar um excelente probiótico para o nosso organismo. Então realmente temos tudo nestes alimentos, probióticos, vitaminas e minerais, prebióticos, compostos bioativos, tudo que vem destes alimentos e principalmente de partes que as pessoas julgam que não seriam interessantes serem consumidos”, destaca Valéria.
A Campanha Stop Food Waste Day Brasil
Dia D: 28 de abril de 2021, às 14h, evento totalmente online.
A campanha está em seu quarto ano em âmbito global e o terceiro no Brasil. Em 2019, mais de 40 países, como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Turquia, Japão e Austrália, promoveram ações com o objetivo de educar e potencializar a mudança em relação ao desperdício que impacta o mundo. Por meio do SFWD, o Compass Group quer chamar a atenção para o problema, criar e compartilhar soluções criativas e impactantes.
Site mundial: http://www.stopfoodwasteday.com
Site Brasil: www.stopfoodwasteday.com.br
Mídias sociais: @stopfoodwastedaybrasil
Sobre a Dra. Valéria Paschoal
Nutricionista. Mestre na área de Nutrição e Pediatria pela UNIFESP – EPM. Editora Científica da Revista Brasileira de Nutrição Funcional. Coordenadora científica e docente convidada dos cursos de Nutrição Clínica Funcional da Universidade Cruzeiro do Sul. Diretora da VP Centro de Nutrição Funcional. Autora dos Livros “Nutrição Clínica Funcional: dos Princípios à Prática Clínica”, “Suplementação Funcional Magistral: dos Nutrientes aos Compostos Bioativos”, “Nutrição Clínica Funcional: câncer” e “Tratado de Nutrição Esportiva Funcional”. Colaboradora dos livros “Compostos Bioativos dos Alimentos” e “Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia”, “Nutrição Funcional & Sustentabilidade”.
Coordenadora da Comissão Científica do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF). Membro do The Institute for Functional Medicine – USA. Nutricionista do CSA Brasil (Community Supported Agriculture – Agricultura Sustentada pela Comunidade). Membro do Conselho Consultivo da CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados). Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em Nutrição Funcional, atuando principalmente nos seguintes temas: nutrição clínica e esportiva funcional, alimentos, minerais, compostos ativos, nutrição e saúde do meio ambiente, sustentabilidade, responsabilidade social e ambiental, Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC).
Sobre a VP Centro de Nutrição Funcional
Fundada em 1999, a VP-Centro de Nutrição Funcional foi pioneira na difusão do conceito de Nutrição Funcional no Brasil, realizando cursos de extensão e consultoria científica para o setor empresarial.
Atualmente, sua estrutura engloba cinco divisões, são elas: Educacional; Editorial; Comercial; Consultoria Científica e Responsabilidade Socioambiental. Inclusive, em sua contribuição na área educacional, a VP trouxe todo o seu pioneirismo oferecendo cursos de pós-graduação em Nutrição Funcional (Nutrição Clínica; Nutrição Esportiva e Fitoterapia), que já formou mais de 15 mil profissionais, além de promover o Congresso Internacional de Nutrição Funcional, que já está em sua décima quinta edição.
A VP tornou-se reconhecida no mercado nacional e internacional como referência na área, aplicando e disseminando o conhecimento científico em diversas esferas sociais, econômicas, políticas, técnicas, de forma ética e promovendo a saúde como Vitalidade Positiva.
Assim, a VP direciona esforços para obter crescimento, vislumbrando excelência em suas atividades, por meio da pesquisa, do ensino, das práticas, da informação e do uso da tecnologia.
VP – Centro de Nutrição Funcional: www.vponline.com.br
Loja virtual: https://www.vponline.com.br/loja/