Radar Verde lista desmatamento provocado por empresas na Amazônia

Redação

O Radar Verde é o primeiro indicador que revela quais frigoríficos e supermercados comprovam ter controle e transparência da cadeia da carne.
 

A carne bovina que você come pode vir de fazendas associadas ao desmatamento na Amazônia. Praticamente metade do rebanho do Brasil está concentrado nos estados da Amazônia Legal. A pecuária é considerada o principal motor de desmatamento na região, pois o pasto cobre cerca de 90% da área total desmatada e mais de 90% dos novos desmatamentos são ilegais.

Por isso, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o Instituto O Mundo Que Queremos (IOMQQ) desenvolveram o Radar Verde, um indicador que avalia o quanto frigoríficos e supermercados demonstram ter um sistema de controle para evitar a destruição da floresta.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 218 milhões de cabeças de gado. Pelo menos 93 milhões estão nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão. Do momento em que nasce até o abate e o processamento da carne, o boi passa por até quatro fazendas que podem estar contribuindo ou não para o desmatamento.

“É um direito do consumidor saber de que forma os fornecedores da carne evitam que a pecuária esteja ligada à destruição da floresta”, afirma Alexandre Mansur, diretor de projetos do O Mundo Que Queremos e um dos coordenadores do Radar Verde. “As empresas estão empenhadas em dizer que têm seus sistemas de controle. O Radar Verde avalia o que as empresas conseguem apresentar de comprovações independentes, a fim de garantir ao consumidor que ele pode comprar sem preocupações.”

O Radar Verde, primeiro indicador de acesso público no Brasil, mostra quais frigoríficos e supermercados (elos entre consumidores e as fazendas pecuárias) têm maior controle e transparência sobre sua cadeia produtiva. Em 2022, 90 frigoríficos e 69 redes varejistas foram convidados a comprovar que suas políticas garantem que a carne que compram e vendem não está associada ao desmatamento na Amazônia. Apenas 5% das empresas aceitaram participar e nenhuma autorizou a divulgação de sua classificação final.
 

Radar Verde na ExpoMeat 2023

Para abordar sobre a importância de as empresas do setor serem transparentes e como a pecuária pode ser mais eficiente, lucrativa e menos danosa à floresta, o Radar Verde participará da 4ª edição da ExpoMeat, Feira Internacional para a Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal, que será realizada de 28 a 30 de março, no Distrito Anhembi, em São Paulo. O credenciamento é gratuito e deve ser feito no site da ExpoMeat 2023.
 

A feira apresentará o que há de mais moderno na produção e processamento, com exibição de tecnologias, inovações e fomento de negócios. O Radar Verde estará no evento todos os dias com uma exposição no estande 112, próximo à praça de alimentação. Na quinta-feira (30/03), a partir das 16h, no auditório Vitorino D´Almas, o pesquisador do indicador e Mestre em Ciências Florestais pela Universidade Yale (EUA), Paulo Barreto, fará uma palestra com o tema: como aumentar a produtividade da pecuária sem desmatar a Amazônia. Além de Barreto, a sessão terá a presença do pecuarista Mauro Lúcio Costa, de Paragominas (PA), que contará como consegue produzir seis vezes mais carne preservando 80% da fazenda.

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